Declínio cognitivo e demências
- Natalia Dressler Camillo
- 16 de ago. de 2023
- 4 min de leitura

Os problemas mas comuns que vemos em consultório são as perdas cognitivas relacionadas ao comprometimento da memória. Com o processo de envelhecimento notamos uma menor prontidão da memória, entrando a necessidade do atendimento com especialista em neurologia para identificar se a perda é compatível com demência.
No idoso, o declínio cognitivo, também chamado de Comprometimento Cognitivo Leve (CCL) é um quadro clínico que evidencia um conjunto de sinais acarretados por alterações de ordem cognitiva. Pode ser entendido como uma condição de transição entre a cognição normal e a demência. Nesses casos, a avaliação médica especializada é fundamental para diferenciar o envelhecimento normal do patológico e também para o correto diagnóstico entre Comprometimento cognitivo leve e demência.
Segundo o Ministério da Saúde, a prevalência de demência na população com mais de 65 anos gira em torno de 7,1%, sendo a doença de Alzheimer, responsável por 55% dos casos. Considerando a frequência dessa condição no Brasil e o contingente de idosos em nosso país, de aproximadamente 15 milhões de pessoas, estima-se que haja 1,2 milhão de brasileiros com síndromes demenciais.
No entanto, muitos idosos apresentam alterações muito leves, não havendo, em alguns aspectos, diferença em relação aos indivíduos mais jovens. O declínio cognitivo dificulta as atividades diárias, levando-se em conta variáveis culturais e idade, sendo que essas anormalidades não devem justificar o diagnóstico de demência e outras causas físicas e psiquiátricas, como depressão, devem ser descartadas.
Declínio cognitivo e demências nos jovens
Embora sempre pensemos em demência como um problema de idosos, é importante lembrar que existem doenças que podem causar demência em adultos jovens. A perda cognitiva nos jovens está mais associada a depressão, ansiedade, estresse excessivo, insônia e outros distúrbios do sono.
Mesmo o número de jovens ser menor do que os idosos, as causas de demência no jovem são mais variadas, e, por esta razão, a investigação das demências em jovens é mais complexa.
O grande número de possíveis causas de demência em jovens faz com que seja necessário abordar este problema de modo organizado. O primeiro passo, antes de pensar em uma possível causa, seria estabelecer o diagnóstico sindrômico de demência. Isto é feito a partir da história e da avaliação cognitiva, para averiguar se houve perda de habilidades.
Algumas perguntas pode ser feitas, como por exemplo:
- Vem tendo dificuldade no trabalho?
- Tem evitado contato social, como festas e reuniões?
- Abandonou passatempos como leitura e assistir televisão?
- Tem dificuldade em acompanhar conversas com várias pessoas?
- Não consegue aprender coisas novas (como usar um novo aparelho eletrônico ou aprender uma nova rotina no trabalho)?
- Tem dificuldade em decidir o que fazer em uma situação de emergência (como um vazamento de gás)?
Uma vez estabelecido o diagnóstico sindrômico de demência, é necessário pesquisar a etiologia. A história e o padrão de alterações podem fornecer pistas valiosas, que tornarão a pesquisa complementar mais rápida.
Algumas das causas mais comuns de demência em jovens:
Abuso de drogas: aqui não nos referimos apenas a drogas de adição, mas também a medicamentos, que podem ter alterações cognitivas como efeito colateral.
Contaminação ambiental e medicamentos: as causas possíveis de demência tendem a aumentar pela contínua introdução de novas drogas e por novas técnicas industriais (intoxicação por chumbo, manganês e mercúrio, por exemplo).
Infecções: esta causa de demência é mais frequente entre jovens. Isto ocorre pela associação entre alterações cognitivas e infecção pelo vírus da imuno-deficiência humana (HIV).
Doenças neurológicas - doenças da infância, que podem eventualmente manifestar-se como demência: um exemplo de doença com início na idade adulta é a moléstia de Huntington, além de demência relacionada à AIDS, no alcoolismo, e tireoidite de Hashimoto, na qual também podem ocorrer alterações cognitivas.
Sinais de alerta
Antes de tudo, é importante ter em mente que, no processo natural de envelhecimento, algumas queixas de mudanças cognitivas e comportamentais são normais, tais como esquecimento esporádico, alguma desorganização mental, maior lentidão para executar uma ação ou processar respostas.
Contudo, há casos em que tais sinais se tornam mais intensos, podendo interferir nas atividades e na vida cotidiana do paciente. Isso pode indicar que está havendo um prejuízo além do normal ou do esperado conforme sua faixa etária.
Em um quadro de demência, por exemplo, há um grave comprometimento em suas funções. No nível cognitivo, pode haver déficits de memória, linguagem, atenção, raciocínio, julgamento, organização e planejamento.
No nível comportamental, são comuns prejuízos na capacidade de cuidados domésticos, atividades de compras, administração dos recursos financeiros e autocuidado. Assim, a pessoa passa a precisar de maior auxílio de familiares, vizinhos ou até mesmo de supervisão profissional.
Já nos quadros de declínio cognitivo, o paciente também apresenta alterações cognitivas, mas em grau leve, não chegando a interferir (ou interferindo muito discretamente) em suas atividades cotidianas. Aqui é necessário observar que o quadro pode evoluir para um quadro de demência.
A avaliação junto ao médico neurologista é fundamental em casos de declínio cognitivo em jovens e idosos. Exames neurológico e de imagem ajudam a identificar se as alterações cognitivas fazem parte do envelhecimento natural ou se são patológicas. Além disso, ajuda a identificar o diagnóstico de demência para a definição do tratamento mais adequado ao caso do paciente.
Vale ressaltar ainda que, quando os sintomas são tratados precocemente, é possível retardar doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer e o Parkinson.
Assim, em casos de declínio cognitivo, a avaliação de um especialista é essencial para identificar condições potencialmente demenciais e, então, buscar estratégias terapêuticas para amenizar a progressão de demências. Você não está sozinho. Busque ajuda. A Dra. Natalia Camillo, neurologista, oferece consulta em três modalidades: presencial, telemedicina e domiciliar.
Agende a consulta pelos telefones:
Whatsapp (54) 99251-0059 e Fixo (54) 3451-1815; (54) 3701-2158; (54) 3701-2159